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Como foi construído o mito de Chico Xavier

NOTA DO EDITOR: Este texto dá uma noção básica de quem foi o homem que usou o nome de Humberto de Campos para se promover.

(Autor: Profeta Gandalf)

Para os religiosos que pensam que são espíritas, o seu mentor maior é o médium mineiro Chico Xavier, morto em 2002 e que aniversaria hoje. Para os seus admiradores, o famosos médium é considerado um homem de extrema bondade, uma quase-divindade encarnada, alguém em que depositam uma confiança extrema e por isso mesmo, bastante cega.

Xavier não foi nada disso. Melhor: Xavier não queria ser nada disso. O médium era um homem honesto e humilde e não tinha pretensões de liderar ninguém e muito menos de servir de exemplo de bondade para os outros. Fazia aquilo que acreditava e só. 

Mas seus admiradores não quiseram ouvir isso dele. Para eles, Xavier era como um gigante mitológico, um ser superior, que tinha superpoderes e estava acima de todos na evolução. E o que fez todo mundo até hoje, defender a superioridade do pobre rapaz, cidadão humilde de Uberaba?

Xavier tinha uma mediunidade forte. Falava com os mortos. Sofria com isso. Era um instrumento humano de comunicação com aqueles que, despidos da carne, ainda desejavam se comunicar. Seja para o bem, seja para o mal.

O médium era um católico fiel, quase um beato. Avesso ao sexo e às diversões e devoto de Nossa Senhora da Abadia, sua  santa protetora, cumpria rigorosamente os rituais católicos, rezando o terço todos os dias e venerando Jesus e toda a liturgia relacionada. Respeitava os sacerdotes e quando foi excomungado por um padre em Pedro Leopoldo, sua cidade natal, decidiu não mais voltar para lá, em respeito a decisão da igreja.

A FEB, federação que se pretendia espírita, mas era fundada por ex-católicos ainda não despidos de muitos dogmas, achou interessante se aproveitar do pobre médium na criação de um mito que pudesse ser adorado e servir de difusor dos interesses de seus dirigentes na época. Misturando dogmas católicos com mediunidade e reencarnação, nascia o mito Chico Xavier, um quase semi-deus, um ser com poderes inimagináveis que veio "resgatar" a humanidade com a sua "extrema" bondade. Bondade que não era tanta assim.

Xavier era bondoso como qualquer outro. Era simples e honesto e não se negava a ajudar os outros. Mas daí a dizer que era de "estrema" bondade é exagero demais. Ou uma forma preguiçosa de não queremos seguir o exemplo de bondade atribuído a ele.

Mas junto com a bondade que de fato era existente, mas não extrema, houve uma grande maldade, já que Xavier, como alguém raptado através de uma cilada, contribuiu culposamente para a deturpação do Espiritismo, impedindo o entendimento de Kardec (nuca lido de fato pelo médium, embora este gostasse de citar o nome do mestre lionês) e atrofiando a evolução intelectual dos seus seguidores, transformando o Espiritismo em uma religião dogmática como qualquer outra.

Esse mal involuntário cometido pelo médium, contou com o impulso dos dirigentes da FEB, interessados em manter as suas crenças, se aproveitando da fé católica do médium. Fé que atraiu uma falange de padres católicos desencarnados que, em respeito a lei de atração, encontraram um campo fértil para transformar o Espiritismo em um Catolicismo hibrido e enrustido, com mais traços da religião dos papas do que da doutrina fundada por Kardec após pesquisas com os espíritos. Emmanuel era os maior deles e fez do médium um escravo bastante submisso, o que acaba de uma vez com o mito de líder espiritual da humanidade". Um líder frouxo e submisso? Onde está o bom senso?

E graças a esse hibridismo, muitos católicos insatisfeitos se migaram para esta forma estranha de Espiritismo, seguindo as (des)orientações dos livros psicografados pelo médium que consideravam seu líder, alavancando muitas vendagens de seus livros escritos como se fossem contos de fadas, enriquecendo a FEB e sua cúpula, embora um dos dogmas deste Catolicismo enrustido seja de que as vendas dos livros de Xavier iriam para as obras de caridade. Mas como o médium preferiu abrir mão de diretos autorais, entregando para que a FEB fizesse o que entendesse, é melhor acreditar nos interesses mesquinhos da entidade supostamente espírita.

Foi desta forma que foi construído o  mito de Chico Xavier, aqueles que muitos tem como ser quase supremo. Não foi e nem queria ser. A FEB, com ajuda da mídia, é que construiu o mito em torno do pobre cidadão, que não gostava nada disso, embora fosse impedido de reagir contra.

Despindo totalmente de sua mitologia, Xavier era um homem humilde, honesto e de bondade normal. Não era reencarnação de ninguém importante, pelo que se saiba e era um católico devoto e cumpridor dos rituais. Adorava Nossa Senhora e achava que o papa (Francisco I?) seria o responsável pela regeneração da humanidade e que a Igreja Católica deveria ser seguida por todos.

Um homem comum que queria fazer o bem. Não o bem dos super heróis e dos anjos superiores, mas o bem que todos nós possamos fazer. Fez mal em deturpar a doutrina e como não se recusou a isso, voltará para resgatar o prejuízo que causou. Teve a assistência de espíritos de índoles duvidosas que desviaram a doutrina para caminhos bem estranhos, impedindo a satisfação dos objetivos originais da doutrina.

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